PACIENTES COM CÂNCER PODEM SER VACINADOS CONTRA A FEBRE AMARELA?

prevencaoA febre amarela é uma doença infecciosa aguda de curta duração (no máximo 10 dias) e de gravidade variável. Os sintomas são: febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengiva, nariz, estômago, intestino e urina).

Desde 1942, não é registrado nenhum caso de febre amarela urbana. Nos últimos dias, entretanto, houve registro da contaminação de algumas pessoas pela febre amarela silvestre. São pessoas, não vacinadas, que estiveram em áreas de floresta ou de mata de regiões consideradas de risco.

Foi divulgado pelo Ministério da Saúde uma relação de pessoas que estão contra-indicadas a realizar a imunização contra a febre amarela, e dentre elas, estão os pacientes com câncer.

Mas e aí? Pacientes com câncer podem ser vacinados contra a febre amarela?

Diferente da vacina contra H1N1(gripe), liberada para quem está em tratamento oncológico, a vacinação contra a febre amarela pode prejudicar a saúde já fragilizada do paciente com câncer em muitos casos.

E por que isso acontece?

As vacinas produzidas contra os vírus podem ser de dois tipos: atenuada ou inativada.

A vacina atenuada é aquela em que o vírus encontra-se vivo, porém, sem capacidade de produzir a doença. Algumas vezes estes vírus podem reverter para a forma selvagem causando a doença.

A vacina inativada contém o vírus inativado por agentes químicos ou físicos, ou subunidades e fragmentos obtidos por engenharia genética. Neste caso nunca ocorre a reversão para a forma selvagem.

A vacina da febre amarela é do tipo atenuada, assim, esse vírus atenuado é injetado para que o corpo crie defesas contra ele e o corpo esteja devidamente protegido caso seja atacado de verdade.

Acontece que em pacientes imunodeprimidos, como é o caso dos pacientes em quimioterapia, as defesas imunológicas do organismo estão fragilizadas, não estão em sua capacidade total de produzir anticorpos em tempo hábil mesmo contra um vírus atenuado. Assim, podem apresentar reações adversas com a imunização e por isso devem evitar a vacinação.

Já quem está em radioterapia, dependendo do tipo de câncer, pode ser vacinado. Mas, cada paciente deve conversar com seu médico antes de se vacinar.

Pacientes que estão em uso de hormonioterapia, como é o caso de medicações como tamoxifeno e anastrozol, geralmente não tem contra-indicação à vacinação, porém, segue o alerta: CONVERSE COM SEU MÉDICO!

Pacientes que já concluíram seu tratamento quimioterápico podem ser vacinados após um período que pode ir de três a seis meses, mas também precisam tomar a decisão junto ao seu médico.

Pacientes que irão iniciar tratamento quimioterápico geralmente podem realizar a imunização, com exceção, das leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, mas só poderão iniciar após 10 dias da vacinação, ou seja, até que a imunização seja completada e o risco de reações adversas tenha diminuído ou se excluído.

Apesar de importante, a vacinação não é o único meio de prevenção contra a febre amarela e quem está com algum tipo de imunodepressão pode se proteger. Como a transmissão urbana só é possível por meio da picada de mosquitos Aedes aegypti, deve-se evitar o acúmulo de água parada em recipientes destampados. Outras medidas preventivas são o uso de repelente de insetos, mosquiteiros e roupas que cubram todo o corpo.

Renata Mattos
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (Unesp) desde 2006. Voluntária em projetos sociais de apoio ao paciente com câncer. Enfermeira-chefe do Instituto de Oncologia de Mogi das Cruzes-SP de 2009 a 2019. Atuou como docente de Enfermagem na Universidade de Mogi das Cruzes e hoje dedica-se a projetos pessoais no auxílio ao paciente com câncer e seus familiares com o auxílio de terapias holísticas e integrativas como aromaterapia e ayurveda.
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