NÁUSEAS E VÔMITOS

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As náuseas e vômitos são mecanismos de defesa do organismo que objetivam remover substâncias tóxicas ingeridas. São considerados por uma grande parte dos pacientes oncológicos como os efeitos adversos mais estressantes associados à quimioterapia.

Nas doses habituais, a maioria dos quimioterápicos pode causar náuseas e vômitos nos dias que se seguem à administração de cada ciclo, assim como a radioterapia aplicada no cérebro, em órgãos do abdome e da pelve. Aproximadamente 30% das drogas antineoplásicas têm potencial para causar náuseas e vômitos de intensidade moderada a grave.

A náusea geralmente é acompanhada por alterações físicas como taquicardia, sudorese, inquietação, palidez, ou rubor e produção excessiva de saliva.

O vômito causa a perda de suco gástrico, contendo potássio, cloro, sódio, magnésio e água. Assim, é frequente em pacientes com vômitos severos ou prolongados a presença de distúrbios hidroeletrolíticos, os quais requerem terapia de reposição. Caso esses distúrbios ocorram podem levar à complicações cardíacas, respiratórias, renais, musculares, entre outras.

As náuseas e vômitos decorrentes do tratamento quimioterápico são classificados em:

AGUDA: que ocorrem até 24horas após a administração da quimioterapia com duração de aproximadamente 1 dia.

TARDIA: com início após 48 a 72horas, diminuindo gradativamente por um período de tempo que pode variar de 3 ou mais dias, dependendo do esquema utilizado e da sensibilidade do paciente.

ANTECIPATÓRIA: tem início antes mesmo da administração da droga quimioterápica, mas sempre após uma exposição anterior ao tratamento, e pode se intensificar durante a administração das drogas. Geralmente são desencadeados pelo simples pensamento relacionado à quimioterapia, aos odores associados ao tratamento ou ao hospital/clínica e a visão de pessoas ou objetos associados à quimioterapia.

Existem medicamentos bastante eficazes para tratar esses sintomas, receitados para evitar que eles ocorram, como:

  • Metoclopramida (Plasil): indicado para náuseas e vômitos moderados.

Dose recomendada: 10 a 20mg via oral antes e 2 horas após a quimioterapia, podendo ser administrada de 6/6hs.

  • Dimenidrinato (Dramin): indicado para náuseas e vômitos moderados.

Dose recomendada: 1 cp de 100mg de 6/6hs ou 1 cápsula gel de 25mg de 6/6hs.

  • Ondasetrona (Zofran, Vonau, Nausedron, Listo): indicado para náusea aguda e vômito de intensidade de moderada a alta.

Dose recomendada: 8mg de 15 a 30 minutos antes da quimioterapia e 4 e 8 horas após. Depois, 8mg 3 vezes ao dia.

  • Aprepitant (Emend): indicado em combinação com outro agente antiemético para a prevenção de náuseas e vômitos agudos e tardios de intensidade moderada a alta.

Dose recomendada: 125mg via oral 1 hora antes do início da infusão. Após, 80mg a cada manhã por 2 dias consecutivos.

  • Dexametasona (Decadron): indicado em combinação com Ondasetrona para náuseas e vômitos de intensidade moderada a alta.

Dose recomendada: 10 a 20mg endovenosa ou via oral antes da administração da quimioterapia para a prevenção de episódios agudos. Para a prevenção de episódios de náuseas e vômitos tardios, recomenda-se 8mg 2vezes ao dia por 2 ou 3 dias, e após 4mg 2 vezes ao dia por 1 ou 2 dias.

  • Alprazolam (Frontal), Lorazepam (Lorax), Prometazna (Fenergan): indicados para náuseas e vômitos antecipatórios persistentes. Não são considerados antieméticos, mas utilizados em combinação com outros agentes, aliviam a ansiedade e conseqüentemente os episódios de êmese.

Tratamentos alternativos como acupuntura, hipnose e relaxamento são opções não medicamentosas para controle de episódios de êmese.

DICAS PARA O CONTROLE DE NÁUSEAS E VÔMITOS

O que fazer:

  • Comer alimentos secos do tipo bolachas “cream cracker”, água e sal, torradas, especialmente se os episódios ocorrem pela manhã.
  • Enxaguar a boca apenas com água antes e após se alimentar.
  • Realizar higiene oral após episódios de vômitos para evitar complicações da mucosa oral e promover conforto.
  • Alimentar-se quando sentir vontade, mesmo fora dos horários convencionais.
  • Ingerir alimentos frios ou em temperatura ambiente.
  • Ingerir líquidos freqüentemente em pequenas quantidades entre as refeições.
  • Dar preferência a líquidos claros, como limão, melão, maçã, água de coco.
  • Dar preferência a alimentos ricos em proteínas e sais minerais.
  • Comer e beber vagarosamente em ambientes tranqüilos.
  • Se possível permitir que alguém prepare as refeições em pequenas porções.
  • Sair do ambiente se o odor dos alimentos ao serem preparados causam náuseas.
  • Preparar a refeição de modo que ela fique atrativa visualmente.
  • Quando sentir náusea respirar lenta e profundamente.
  • Dar preferência aos alimentos favoritos, mas alimentos de fácil digestão, como sopas, caldos, vegetais cozidos ou grelhados.
  • Tentar balas sem açúcar de sabores limão, menta, gengibre, quando um sabor desagradável ou metálico estiver presente na boca.
  • Manter a posição sentada sempre que for se alimentar e no período de pelo menos 1 hora após as refeições.
  • Garantir a execução e a adequação da terapia antiemética durante todo o período de infusão e de maior incidência de náuseas e vômitos.
  • Manter um ambiente fresco e bem ventilado.

O que evitar:

  • Ingerir alimentos com molho, gordurosos, frituras e condimentados.
  • Ingerir líquidos durante as refeições.
  • Ingerir alimentos quentes e doces.
  • Preparar suas refeições se o odor dos alimentos lhe causa náusea.
  • Alimentar-se no mesmo ambiente em que a comida foi preparada.
  • Alimentar-se usando roupas apertadas ou desconfortáveis.
  • Fazer refeições sozinho e/ou em ambientes agitados.
  • Odores como os de cigarro, perfume, flores, tinta, etc.
  • Alimentar-se contra a vontade, mesmo sob a insistência de familiares e/ou cuidadores.
  • Deitar logo após ter se alimentado.
  • Movimentos bruscos durante o período de aumento de náuseas e vômitos.

Quando procurar o médico:

  • Quando não conseguir se alimentar ou ingerir líquidos por mais de 48horas.
  • Quando houver presença de sangue no vômito.
  • Na presença de sinais de desidratação.
  • No surgimento de sintomas como câimbra, fraqueza.
  • Se houver perda de peso significativa em curto período de tempo.

O controle e a profilaxia de náuseas e vômitos tardios são extremamente importantes para a manutenção da qualidade de vida do paciente, permitindo que o mesmo mantenha as suas atividades pessoais. Contribuem também na prevenção de outras complicações decorrentes da incapacidade de alimentação e ingestão de líquidos adequadamente, como a má nutrição, desidratação e distúrbios metabólicos, os quais podem exigir hospitalização.

Renata Mattos
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (Unesp) desde 2006. Voluntária em projetos sociais de apoio ao paciente com câncer. Enfermeira-chefe do Instituto de Oncologia de Mogi das Cruzes-SP de 2009 a 2019. Atuou como docente de Enfermagem na Universidade de Mogi das Cruzes e hoje dedica-se a projetos pessoais no auxílio ao paciente com câncer e seus familiares com o auxílio de terapias holísticas e integrativas como aromaterapia e ayurveda.
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