PRÁTICAS ALTERNATIVAS NO TRATAMENTO DO CÂNCER

medicina alternativa 

 

Muito se ouve falar sobre práticas alternativas no tratamento do câncer. As práticas alternativas, complementares ou integrativas são usadas para prevenir, diagnosticar ou tratar o câncer e outras doenças. Mas o que são e quais as diferenças entre elas?

Nada mais são do que um grupo de práticas médicas e de cuidados à saúde, e de produtos que não são considerados parte da medicina convencional.

O termo alternativa significa que a prática é utilizada em substituição às práticas da medicina convencional como, por exemplo, o uso de preparados de ervas em substituição à quimioterapia para tratar um tumor.

O termo complementar significa que a prática é utilizada em associação com a medicina convencional, ou seja, em conjunto com o tratamento médico padrão. Algumas terapias complementares podem ajudar a aliviar alguns sintomas do câncer, aliviar os efeitos colaterais do tratamento ou melhorar a sensação de bem-estar do paciente como, por exemplo, a meditação, utilizada para reduzir o estresse e melhorar a qualidade do sono.

O termo integrativa significa que a prática associa a terapia médica convencional aos métodos complementares e/ou alternativos, para os quais haja evidências científicas quanto a sua segurança.

Nas terapias integrativas, médico e paciente, traçam um plano em busca do bem-estar, mesmo nos quadros mais graves.

As terapias a serem recomendadas são as que apresentam evidências de sua eficácia e segurança, para que seja possível uma associação ao tratamento convencional.

Desde o final da década de 1970, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incentiva países a formularem e implementarem políticas públicas para o uso racional e integrado da medicina tradicional à práticas complementares/alternativas nos sistemas nacionais de atenção à saúde, bem como o desenvolvimento de estudos científicos para melhor conhecimento de sua segurança, eficácia e qualidade.

Calcula-se que haja 800 modalidades de terapias alternativas/complementares em todo o mundo. As mais populares são as que envolvem massagem e plantas, mas muitas terapias têm encontrado resistências no meio científico, pois ainda precisam ter sua plena eficácia comprovada e reconhecida pelos órgãos existentes.

Não há dados estatísticos que comprovem o uso de terapias alternativas ou complementares. Mas acredita-se que muitos pacientes (entre 40% a 70% dos pacientes) utilizem tais métodos, e não relatam seu uso ou interesse aos seus médicos por acreditarem que eles irão reagir negativamente ou ignorar perguntas.

Muitos pacientes pensam que os médicos não precisam ser informados do uso de terapias alternativas/complementares, porque acreditam serem terapias naturais, completamente seguras e fora das práticas médicas tradicionais.

Porém, é importante que o paciente converse com o seu médico e mostre seu interesse ou relate o uso de terapias alternativas ou complementares, pois estudos têm demonstrado que simples suplementos, tais como vitaminas, podem potencialmente interferir nos tratamentos tradicionais, tornando-os menos eficazes.

Além disso, algumas terapias como massagem ou acupuntura podem colocar os pacientes em risco de dano caso não sejam realizadas por um profissional qualificado.

Entre as razões citadas pelos pacientes que justificam o uso de práticas alternativas, incluem-se o tratamento do câncer, estimulação do sistema imunológico, manter a esperança, amenizar os efeitos secundários do tratamento, melhorar a qualidade de vida e mais controle sobre os cuidados com a doença.

Muitos decidem recusar o tratamento convencional e optam apenas pelas práticas alternativas.

Razões médicas e pessoais desempenham um papel importante na decisão do paciente de recusar tratamento, mas há predominância de valores e experiências pessoais. Pacientes consideram ser qualidade de vida tão ou mais importante que sobreviver e parecem acreditar que qualidade de vida de é incompatível com o tratamento oncológico.

Do ponto de vista dos profissionais da saúde, a decisão de recusar o tratamento convencional parece irracional, principalmente quando o tratamento proposto é curativo. Quando o tratamento é paliativo, há menos dificuldade em aceitar a decisão do paciente.

Não devemos esquecer de que os médicos têm obrigação tanto éticas como legais, incluindo a obrigação de respeitar a autonomia do paciente. E isso significa que eles devem estar preparados para fornecer informações e conselhos sobre os benefícios e prováveis resultados de tratamento, riscos envolvidos, possibilidade e probabilidade de complicações, efeitos colaterais e opções de tratamento alternativo.

É importante que os médicos saibam se seus pacientes estão em uso de práticas alternativas/complementares: primeiro, porque há possibilidade de efeitos adversos diretos associados o uso de tais terapias; segundo porque efeitos de interação entre medicina convencional e terapias alternativas/complementares são possíveis, e danos e benefícios podem ser atribuídos ao tratamento convencional e podem complicar o tratamento; e terceiro, porque os pacientes podem atrasar a utilização de tratamento convencional quando usam práticas alternativas.

Saber o porquê de os pacientes usarem práticas alternativas no tratamento do câncer pode fornecer importantes informações sobre crenças, valores, expectativas e esperanças por parte do paciente e facilita a construção de uma relação de confiança que irá melhorar o planejamento dos cuidados centrados no paciente com câncer.

A decisão de escolher se o uso de terapias alternativas é adequado ou não cabe ao médico, após adequada consideração dos benefícios e riscos de cada prática.

Conheça algumas dessas práticas alternativas, complementares e/ou integrativas mais frequentes no nosso meio e para as quais há evidências de bons resultados, ainda que nem todos os estudos atendam plenamente à boa prática científica.

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Renata Mattos
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (Unesp) desde 2006. Voluntária em projetos sociais de apoio ao paciente com câncer. Enfermeira-chefe do Instituto de Oncologia de Mogi das Cruzes-SP de 2009 a 2019. Atuou como docente de Enfermagem na Universidade de Mogi das Cruzes e hoje dedica-se a projetos pessoais no auxílio ao paciente com câncer e seus familiares com o auxílio de terapias holísticas e integrativas como aromaterapia e ayurveda.
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