Fatores ocupacionais: Exposição a produtos químicos
Um grande número de substâncias químicas usadas na indústria constitui um fator de risco de câncer em trabalhadores de várias ocupações. Quando o trabalhador também é fumante, o risco torna-se ainda maior, pois o fumo interage com a capacidade cancerígena de muitas das substâncias.
A influência da atividade ocupacional como fator de risco para a ocorrência do câncer já está estabelecida há mais de 2 séculos desde o estudo clássico sobre a alta frequência de câncer da bolsa escrotal de limpadores de chaminés em Londres (1775). Duzentos anos depois, foi anunciado que eram introduzidas a cada ano nas indústrias cerca de 3.000 novas substâncias, cujos efeitos tóxicos nos trabalhadores não se tem nenhum conhecimento.
A mortalidade por algumas causas básicas, entre trabalhadores masculinos de ocupações correspondentes a diferentes níveis sociais demonstrou que, por exemplo, o risco de óbito por câncer de pulmão é maior entre os trabalhadores braçais do que entre os metalúrgicos, comerciários, cientistas e artistas.
A má qualidade do ar no ambiente de trabalho é um fator importante para o câncer ocupacional. Durante pelo menos oito horas por dia os trabalhadores estão expostos ao ar poluído, pondo seriamente em risco a saúde. Algumas substâncias como o asbesto, encontrado em materiais como fibras de amianto ou cimento, as aminas aromáticas, usadas na produção de tintas e os agrotóxicos agem preferencialmente sobre a bexiga, enquanto os hidrocarbonetos aromáticos, encontrados na fuligem, parecem agir sobre as células da pele e sobre as vias respiratórias e pulmões. O benzeno, que pode ser encontrado como contaminante na produção de carvão, em indústrias siderúrgicas, e é usado como solvente de tintas e colas e atinge principalmente a medula óssea, podendo provocar leucemia.
O câncer provocado por exposições ocupacionais geralmente atinge regiões do corpo que estão em contato direto com as substâncias cancerígenas, seja durante a fase de absorção (pele, aparelho respiratório) ou de excreção (aparelho urinário), o que explica a maior frequência de câncer de pulmão, de pele e de bexiga nesse tipo de exposição.
Outros cancerígenos passam pela circulação do sangue, atingindo primeiramente o fígado, onde suas moléculas são quebradas quimicamente, dando origem a novas substâncias (metabólitos) muitas vezes mais tóxicas que as substâncias originais.
Os cânceres, decorrentes de atividades ocupacionais são consequência da falta de informações dos trabalhadores e de seus órgãos de classe, assim como da ausência de uma política governamental que priorize a saúde do trabalhador. É necessário que se atue de forma sistemática sobre o setor produtivo impedindo a utilização de substâncias nocivas ou, no mínimo, adotando todas as medidas conhecidas de prevenção contra a exposição do trabalhador a agentes químicos cancerígenos. As medidas de prevenção atualmente recomendadas estão bem estabelecidas e incluem:
- Remoção do agente cancerígeno do local de trabalho.
- Controle feito pelas indústrias da liberação de materiais cancerígenos para a atmosfera.
- Controle da exposição dos trabalhadores e uso dos equipamentos de proteção individual.
- Boa ventilação no local de trabalho para diminuir o excesso de produtos químicos no ambiente.
- Conscientização dos trabalhadores e dos órgãos de classe quanto aos riscos das substâncias químicas dos seus ambientes de trabalho.
- Melhora da eficiência dos serviços de medicina do trabalho visando mais ao trabalhador que à empresa.
- Proibição do fumo no ambiente de trabalho para impedir a potencialização dos efeitos nocivos das substâncias químicas já presentes nesses ambientes.