ACUPUNTURA DURANTE O TRATAMENTO DE CÂNCER

Acupuntura

 

A acupuntura durante o tratamento de câncer pode estimular a liberação de substâncias responsáveis pelas respostas de promoção de alívio de dor, restauração de funções orgânicas e manutenção do equilíbrio do sistema imunológico.

É uma técnica originária da medicina tradicional chinesa e utiliza agulhas descartáveis ultrafinas, as quais são aplicadas em pontos específicos do corpo, visando à cura das enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele.

Trata-se de uma terapia reflexa, em que o estímulo de uma área age sobre outra.

O estímulo do acuponto, região da pele onde há uma relação íntima com as terminações nervosas sensoriais, possibilita acesso direto ao sistema nervoso central.

A acupuntura pode ser feita com várias técnicas. As mais conhecidas incluem:

  • Eletroacupuntura: procedimento em que pulsos de corrente elétrica fraca são enviados através das agulhas de acupuntura em pontos da pele.
  • Acupuntura Ponto Gatilho: colocações de agulhas de acupuntura em um local sobre a pele, que está longe da parte dolorosa do corpo.
  • Laser Acupuntura: utilização de um fraco feixe de laser, ao invés de agulha de acupuntura, que gera um mínimo de calor na pele, para estimular um acuponto.
  • Acupuntura em Ponto de Injeção: utilização de seringa e agulha para injetar drogas, ervas e outros fluidos no corpo em um acuponto.
  • Acupuntura por Micro-ondas: utilização de um dispositivo de micro-ondas conectado a uma agulha de acupuntura, promovendo radiação em um acupunto.
  • Acupressão: tipo de massagem terapêutica em que os dedos são usados para pressionar um acuponto. Em pacientes com câncer, a acupressão foi usada para controlar sintomas como dor ou náuseas e vômitos. Uma das formas mais conhecidas de acupressão é o Shiatsu.
  • Moxabustão: terapia que proporciona o aquecimento dos acupontos por meio da queima de ervas medicinais e aumentar o fluxo de sangue.

Estudos demonstram que a acupuntura pode provocar respostas físicas em células nervosas, na glândula pituitária e em partes do cérebro. Essas respostas podem fazer com que o corpo libere proteínas, hormônios e substâncias químicas cerebrais que controlam uma série de funções do organismo. Portanto, a acupuntura afeta a pressão sanguínea e a temperatura corporal, aumenta a atividade do sistema imunológico e faz com que os analgésicos naturais do corpo, tais como as endorfinas, sejam liberadas.

O uso da acupuntura em oncologia, para prestar cuidados paliativos e/ou controlar efeitos adversos tem tido muita aceitação pela medicina ocidental. Embora não haja muitas evidências em estudos científicos, a acupuntura parece apresentar benefícios no controle ou alívio de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia; dor relacionada ao câncer; sintomas gerais resultantes do tratamento, incluindo fadiga (cansaço), insônia, diarreia e anorexia (falta de apetite); xerostomia (boca seca) induzida por radioterapia; limitação de movimento acompanhada de dor e inchaço nos braços decorrente do esvaziamento axilar para câncer de mama; sintomas relacionados a tratamentos vasomotores; retite (lesões no reto) induzida por radioterapia; disfagia (dificuldade para engolir) devido à obstrução pelo câncer e, em estágios mais avançados da doença, sintomas como dispneia (falta de ar).

Estudos sugerem ainda que a acupuntura melhora a função imune e é eficaz para o tratamento da mielossupressão (diminuição das células sanguíneas que causam anemia, imunidade baixa, etc) induzida por quimioterapia ou radioterapia.

O consenso do National Institutes of Health dos Estados Unidos validou a indicação da acupuntura, de forma isolada ou como coadjuvante, em várias doenças e agravos à saúde. Os sintomas mais comumente tratados com a acupuntura incluem dor, tensão muscular, neuropatia (sensação de dor e dormência geralmente em pés, mãos), boca seca, dores de cabeça, problemas musculoesqueléticos, cansaço, ansiedade, depressão, insônia, estresse, falta de apetite, náuseas, diarreia, constipação, ganho e perda de peso, ondas de calor e linfedema (acúmulo de líquido nos braços e/ou pernas devido ao bloqueio do sistema linfático).

Contraindicações

A inserção de agulhas pode provocar danos nos tecido e inflamação, resultando em aumento de fluxo sanguíneo local, o que normalmente é um efeito desejado, porque promove a cicatrização do tecido. No entanto, no câncer, um aumento no fluxo de sangue pode não ser desejável, particularmente em torno do local de um tumor, pois, teoricamente, poderia incentivar a proliferação ou metástase (embora não se tenha encontrado nenhuma evidência disso). Atenção especial também deve ser dada quando o linfedema está presente devido a um risco de infecção e celulite (inflamação/infecção no tecido subcutâneo da pele), e alguns estudos recomendam que, nesses casos, o lado oposto seja agulhado.

Se a acupuntura é eficaz para aliviar a dor, pode-se supor que poderia mascarar a progressão do tumor. No entanto, com base na experiência clínica, tem sido observado que, quando os pacientes tenham tido previamente uma resposta à acupuntura de repente param de responder, isso pode ser um sinal de que há metástase e que deve ser investigada a progressão da doença.

A acupuntura também é contraindicada durante a gestação (pode desencadear contrações uterinas), sobre dermatites ou áreas tumorais e em portadores de marca-passo.

Os riscos potenciais geralmente incluem equimoses (manchas escuras que surgem devido à infiltração de sangue no tecido subcutâneo), hemorragias, hematomas, dor, infecção, possíveis desmaios, agravamento da neuropatia e sensação de choque elétrico.

Precauções de segurança que devem ser tomadas incluem o uso de agulhas finas para minimizar a dor ou o sangramento, agulhas estéreis para minimizar os riscos de infecção, corrente elétrica fraca e segura em eletroacupuntura para evitar choques elétricos e garantir que o acupunturista tenha um bom conhecimento da anatomia local para evitar danos aos nervos ou outras estruturas.

A acupuntura é um tratamento seguro quando realizado por profissionais qualificados. Embora tenham surgido evidências de que o risco direto de eventos adversos devido à acupuntura seja relativamente baixo, os profissionais devem ter em mente o risco “indireto”, pois os pacientes podem considerar a acupuntura como uma verdadeira alternativa aos tratamentos convencionais e sofrer indevidamente com as consequências.

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Renata Mattos
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (Unesp) desde 2006. Voluntária em projetos sociais de apoio ao paciente com câncer. Enfermeira-chefe do Instituto de Oncologia de Mogi das Cruzes-SP de 2009 a 2019. Atuou como docente de Enfermagem na Universidade de Mogi das Cruzes e hoje dedica-se a projetos pessoais no auxílio ao paciente com câncer e seus familiares com o auxílio de terapias holísticas e integrativas como aromaterapia e ayurveda.
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